História de verim

Verim é um topónimo de origem latina, formado a partir da palavra Verini, que significa a vila de Verinus, e teve a seguinte evolução etimológica: Virin (1207) e Verim (1220, 1258) e Virim (1320) e Verim (a partir de 1372).

A primeira referência documental sobre Verim é “Sancta Maria de Virin”, em 1207.

A Igreja Paroquial é consagrada a Nossa Senhora do Ó.

Banhada pelo rio Cávado (Celandus, para os romanos e Cavus, para Ptolomeu), Verim pertenceu ao concelho de São João de Rei até 31 de dezembro de 1853, altura em que integrou o de Lanhoso e, em 29 de julho de 1930, passou a fazer parte do concelho da Póvoa de Lanhoso.

Em 30 de setembro de 2013, Verim integrou a União das Freguesias com Friande e Ajude.

 

Pesquisa de César da Costa Araújo Valença

Datam da proto-história recente (1.500-500 A.C.) as mais antigas fontes testemunhais e vestígios da ocupação humana desta Freguesia localizada na margem esquerda do Rio Cávado. Noutros tempos Paróquia do extinto Concelho de S. João de Rei, foi desde 1854 integrada no novo Concelho da Póvoa de Lanhoso, Distrito e Arquidiocese de Braga e de cuja sede dista cerca de dezassete quilómetros. Entre os lugares do Lagido, da Maia e Santa Iria, são frequentes os achados de vestígios cerâmicos comprovando a existência de um povoado da Idade do Ferro, inserido na tradicional cultura “castreja” para muitos uma extensão cultural céltica.
Segundo o clássico Avieno, após os Oestrymnios e os Sefes, a cultura céltica desenvolverá a sua influência em toda a Gallaecia (hoje Minho e Galiza).
Actualmente, são conhecidos cerca de 5.000 destes vestígios de povoamento antigo em todo o território a norte do Douro até ao cabo Finisterra.

No ano 173 a.C. as legiões romanas alcançaram pela primeira vez as terras do Noroeste da Hispânia depois denominado Conventus Bracaraugustano em que Verim se insere. Neste sentido, a presença e o domínio romano deste território é revelada pelo aparecimento de vestígios de ânforas e um fragmento de coluna granítica romana, nos anos 50 do século XX quando de um corte de pinheiros na Bouça de Santa Iria. Nos anos 90 do mesmo século foi achado no terreiro da Casa da Sarola de Baixo bocados de telha (tégula) do Baixo Império (séc. III). Também próximo do Ribeiro de Batocas foram encontrados inúmeros vestígios cerâmicos e vidros da época romana. Já em finais do século XIX, quando da limpeza de uma estrada nos limites próximos da freguesia, ficou bem confirmada a ocupação romana com o aparecimento de um importante acervo de moedas.
Nos tempos tardo-romanos, terá existido aqui uma Villa (grande propriedade rural romana com domus, casa do patrono, dos servos e escravos e ainda instalações agrícolas) cujo Senhor se chamaria Verinus dando o genitivo deste nome em latim, Virinos, que originou o nome da freguesia, associado mais tarde com o cristianismo ao orago da Senhora da Expectação ou Senhora do Ó, tornada heterodoxa após o Concílio de Trento. Assim se formou o nome da Paróquia de Santa Maria de Verim.
Mais tarde no século VIII, a invasão muçulmana ficou bem marcada no inconsciente colectivo da comunidade (traumatizada pela guerra e suas constantes razias), cristalizando-se numa lenda segundo a qual teria sido escondido num dos montículos da Bouça de Santa Iria um Cálice de celebrar Missa e em outra elevação paralela se ocultaria o vaso de “malina”, veneno ou peste como representação do Mal. Assim se protegeria o Cálice de ser profanado pelos mouros infiéis. Aqui se perfila uma estranha se bem que significativa semelhança entre uma lenda popular-padrão (surge com ligeiras variantes em dezenas de paróquias do Minho e Galiza) e a saga medieval da Demanda do Santo Cálice ou Graal do Ciclo Arturiano, mais tarde desenvolvida diversas vezes e colocada em ópera por Wagner no seu célebre Parsifal.
Um dos ex-libris de Verim é a sua igreja românica, uma das duas existentes no Concelho da Póvoa de Lanhoso e ainda por classificar. Embora esteja adulterada interiormente, o templo foi construído entre os finais do século XII e o início do século XIII e mantém no tímpano da porta principal a escultura de duas serpentes afrontadas a que se atribui o significado de “Regeneração da Humanidade por Cristo” que é um tema recorrente no românico português. Possui uma planta longitudinal com nave única que corresponde à primitiva igreja e tem capela lateral, capela-mor e sacristias adossadas á fachada lateral, que correspondem á remodelação barroca.
Segundo o tombo da Igreja de 1549, mandado fazer a pedido do comendador Jorge Toscano, a Igreja possuía um arquibanco, com duas fechaduras, em que se recolhiam os ornamentos, entre os quais uma cruz de latão, um cálice de estanho, um cálice de prata, um missal, vestimentas de linho e de zarzagania (antigo tecido indiano), uma campainha de mão de levar o Sacramento, um frontal de pano da India, uma lanterna, um turibulo, dois pares de toalhas, três lençóis de altar, duas mesas de corporais da Holanda, de pano da terra, três mesas de corporais, duas pedras de ara, uma tábua com a palavra sagrada, uma caixinha de corporais e dois castiçais de ferro.
Tem fachada principal em empena e fachadas laterais rematadas por cachorrada, sendo ainda visíveis os cachorros ou as marcas onde estariam colocados os alpendres que ladeavam a igreja. Mantem ainda alguns vestígios de Mosteiro de obediência Beneditina do ramo de Cister muito relacionado a Santa Maria de Bouro que é o caso da cruz. Também há notícia de ligação inicial deste mosteiro á Ordem dos Templários que mais tarde, a partir da sua extinção, passaria em Portugal a ser instituída como Ordem de Cristo.
A Igreja tem sido remodelada ao longo dos tempos, sobretudo a partir do séc. XVIII. Já em 1728 os visitadores eclesiásticos determinavam a necessidade de se efectuarem obras de conservação e restauro. Foi então notificada D. Antónia Caetana Taborda Portugal, tutora e administradora de seu filho Luís António de Lemos e Brito, comendador de Santa Maria de Verim, que alcançou provisão para embargar por espaço de três meses os capítulos de visita. Não sabemos o que então se fez, mas em virtude do descuido com que os fregueses continuavam a cuidar da Igreja, os visitadores eclesiásticos determinaram a necessidade de realizar avultadas obras, as quais foram projectadas em 1747. Entre estas obras, estabelecia-se que o arco da parede que acomodava o altar colateral da parte da epístola ficasse a corresponder com o da parte do evangelho, e que se fizessem bancos atravessados na Igreja. Previa-se também o arranjo de uma das frestas e o reparo das vidraças e torre da Igreja. No exterior, o adro seria alargado de modo a que se formasse o campanário e reformada a parede do adro de cantaria, com grades de pedra e alargando o adro junto à capela-mor da parte da epístola; finalmente reformar-se-iam os caminhos da Igreja para administração dos Sacramentos pois estavam impraticáveis à dignidade dos actos solenes.
Como resultado desta combinação, verificou-se a demolição e reedificação do altar do Santo Nome de Deus pela Confraria do Subsino, abrindo-se a Igreja e na parede se fez o arco de pedra projectado para ficar mais acomodado. A licença para benzer esta capela foi concedida em 1755 por Arcebispo D. José de Bragança. O arco lateral foi revestido a frescos barrocos.
Também nesse ano de 1755 a Confraria do Santíssimo Sacramento pediu licença para benzer o altar do Senhor dos Passos, cuja imagem apresentava toda a decência e veneração e o retábulo dourado.
Em 1758 foi a vez da Confraria de Nossa Senhora do Rosário alcançar provisão para expor o Santíssimo Sacramento na Igreja.
A organização paroquial sofreu várias alterações neste mesmo período, atendendo a que os estatutos de algumas das suas confrarias e irmandades foram revistos e confirmados. Em 1742 ocorreu a reforma dos estatutos da Irmandade das Benditas Almas do Fogo do Purgatório (Irmandadedas Almas), confirmada em 1760 pelo Arcebispo D. Gaspar de Bragança. Em 1755 foi a vez de se reformarem os estatutos da Confraria do Subsino, tomando como modelo a razão e outros estatutos aplicados em Monsul. A confirmação dos dezoito capítulos de estatutos verificou-se em 1759. A composição destas irmandades e confrarias não era apenas formada de fregueses de Verim, mas também de outros das freguesias vizinhas, que a elas acorriam pela devoção, zelo e fervor dos seus irmãos e confrades.
A capela-mor e a casa da residência (passal) foram reformadas em 1826 por João António Batista, mestre-entalhador, morador em Travaços (Guimarães), Francisco José da Cunha, de Amares e Custódio José de Araújo, de Gondomar (Guimarães), mestres pedreiros. O retábulo da capela-mor é de estilo neoclássico e enquadrou-se numa obra que acrescentou dois palmos à altura inicial da Igreja, tendo sido abertas duas frestas de oito palmos de altura e quatro de largo, ladrilhada toda de pedra lavrada – posteriormente revestida a madeira – e dois degraus de pedra. Acrescentaram-se ainda duas janelas de grades de peitoril e rasgou-se uma porta com soleira inteira.
Segundo um manuscrito de meados do século XIX existente na Casa da Sarola de Baixo, da autoria do Abade de Nevogilde, Francisco Manuel da Costa, teriam sido encontrados aquando da edificação do altar-mor em 1826, um “caixotinho” com relíquias de Santa Marinha, Santo André, Santiago, Santo Adrião e São Romão que por desleixo do pároco dessa época foram roubadas.
Nesse mesmo “caixotinho” dizia ser a Igreja de Verim dedicada a Santa Maria, S. Salvador e S. Miguel.
A torre sineira quadrangular é separada da nave, também resultante da remodelação setecentista, tendo sido contratada no ano de 1797 entre os mestres-pedreiros Francisco Manuel Borges e Domingos Antunes, ambos do concelho de São João de Rei.
No adro da Igreja está colocado um túmulo medieval de pedra com o espaço interior antropomorfo, o qual apareceu em obras realizadas sob o soalho do templo. Este túmulo estava embutido no muro do passal e por isso não foi levado para Braga. Pelo menos mais um, ou mesmo dois, foram indevidamente entregues ao Museu Pio XII, em Braga, através do pároco de então e do Senhor Cónego Arlindo Ribeiro da Cunha, porém, como juntaram os túmulos a outros, hoje não se sabem situar os que vieram de Verim.
Verim era comenda da Ordem de Cristo e o pároco de Verim designa- se Reitor, sendo de apresentação da Mitra de Braga. Por sua vez o pároco de Verim apresentava o vigário de Santo André de Friande, sua paróquia anexa, situação que perdurou até ao séc. XIX. No princípio porém designava-se por abade, como aparece nas inquirições de D. Dinis, aonde o escrivão designou a freguesia por «Sam Martinho de Viri[m]», o que só pode ser erro do escrivão.
As Inquirições de 1258 são fonte de muita informação sobre Santa Maria de Verim, costumes consuetudinários, suas gentes, locais principais e sobre a sua produção agrícola. Nessa época seriam cerca de 20 casais produzindo centeio, milho-alvo e painço, criando porcos, vacas, cabritos, ovelhas, galinhas, alimentando os Senhores do Julgado de S. João de Rei com o seu pão, ovos e vinho. Os senhores (miles) que não seriam estranhos à defesa do fronteiro castelo de Penafiel de Soaz, encontravam na caça e na pesca um importante recurso alimentar.
São referidos os casais de Paio Cano, do Redondo, de João Pais de Quintela, de Paramio, de Elvira Pais, de Surribes e o Casal de Dona Esposenda, bem como as Herdades de Linhares de Mónio Vieira, da Bouça de Estevão Cabrito, Herdade de Pedro Ceti e as do Bárrio, Batocas, entre outras.
A propriedade principal seria a Quintana de Dom Serrazino, provavelmente a mesma personagem que possuía o Casal de Serrazino na vizinha paróquia de Frades junto a outros casais de “ricohomini” …”ad terminum de castello de Penafiel” (de Soaz), no Monte de S. Mamede, hoje totalmente destruído e com poucos vestígios. Na altura da inquirição, respondeu por Verim o seu capelão que era também pároco de S. João de Rei, Martinho Gonçalves. O documento foi firmado pelos testemunhos de Pedro Paes, Pedro Guterres, João Anes, João Nunes e Soeiro Vicente, todos de Verim.
No Foral do Concelho de S. João de Rei, em pleno reinado de D. Manuel I, em 1514, Verim já estava constituída nos seguintes lugares, que praticamente se mantiveram até aos dias de hoje: Bárrio, Batocas, Guiçói (a que actualmente chamam Carvalho), Linhares, Paredes, Pedreira, Quintela, Redondo, Sarola. Cita ainda a existência de um “caneiro” de pescar, situado entre as freguesias de Verim e Ajude. Ficaram de fora deste documento as propriedades pertencentes à Igreja de Verim, de que resultaram os lugares da Igreja e do Pereiro e, na saída para Ajude, um pequeno lugar com o nome de Fonte Sevilha, com uma poça de água muito pura, e que actualmente foi colocado o nome de Placa, atendendo à colocação de um indicativo. O Lagido servia então apenas para sequeiro, com pequenas cabanas onde se guardavam os cereais na época própria.
No século XVIII, o Padre António Carvalho da Costa (1706) refere a existência de 46 “vizinhos” ou fogos em Verim segundo o Livro das Comendas da Ordem de Cristo pelo que não se pode inferir grande crescimento demográfico em comparação com os tempos anteriores. Rendia cem mil reis para o seu Comendador sendo o sexto de pão e o quarto do vinho para o Senhor da Terra.
Existem duas capelas particulares. Uma delas da invocação do Mártir São Sebastião, edificada no lugar da Sarola pouco antes de 1674 por um conjunto de proprietários da terra, muitos dos quais parentes entre si, e que foi reformada no século XVIII sendo seus administradores os senhores das Casas da Sarola de Baixo, Sarola de Cima e Ribeiro, que todos traziam chave da capela. O edifício era formado pelo corpo principal, tendo um altar com retábulo maneirista, com colunas de estrias helicoidais, policromadas e douradas, dividindo painéis de pintura de menor qualidade que a talha, como aliás era frequente. Este tipo de colunas aparecem no século IV em Roma, sendo utilizadas na arte paleocristã, sendo reintroduzidas no estilo maneirista 1 . A capela era completada por uma galilé, onde foi construído um púlpito a expensas de António Machado de Azevedo dos Guimarães, Tabelião de São João de Rei (†1727), cuja família se extinguiu em Verim. Em 1730 rezava-se na capela missa diária e atendendo às dificuldades no tempo de inverno com o ribeiro por onde passava o caminho para a Igreja, que dificultava sobretudo a passagem de mulheres, por ter muitas lamas e águas por um regato, foi pedida e concedida licença para colocar um confessionário. Era então seu administrador Sebastião da Silva Freitas, Tenente de Cavalos e senhor da Casa dita dos Sebastiões. Esta capela foi longamente utilizada pela família da Sarola de Baixo, até aos finais do século XX, para casamentos. O último sacerdote a celebrar diariamente na capela foi o padre Domingos José da Costa Araújo, oriundo da Casa da Sarola de Baixo, onde morreu e natural da Casa do Vale, em Vilar da Veiga.
A outra capela foi dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, mandada construir em cumprimento de um voto e promessa de Gaspar da Cunha Freitas, senhor da Casa de Quintela, o mais rico freguês da freguesia, que a projectou desde 1713. No pedido para a sua edificação o reitor de Verim explicava então que no inverno o lugar de Quintela ficava isolado com as águas de duas cangostas, pelo que os doze moradores de então não podiam ir à missa e então a capela ficava conveniente para administrar o Sagrado Viático.
Em 1718 já a capela estava erigida e acabada, forrada por dentro ao moderno, com retábulo bem feito de talha, madeira novo e moderno (rocaille) e imagem de Nossa Senhora da Penha de França bem dourada e pintada, com ornamentos, um frontal de pau bem pintado, um cálice de prata novo com o pé de latão, duas mesas de corporais, uma vestimenta roxa, outra branca e vermelha, duas alvas, boa pedra de ara e finalmente estava muito capaz de se celebrar missa e o administrador muito zeloso no culto divino. Nestas condições, foi passada licença para se benzer a capela na forma do ritual romano. Anos mais tarde, em 1734, foi pedida e obtida licença para se colocar um confessionário.
Na Igreja de Verim rezavam-se ainda diversas capelas de missas perpétuas instituídas por pessoas leigas e eclesiásticas, constituídas principalmente nos séculos XVI e XVII, com a finalidade de rezar pelas almas dos instituidores para todo o sempre, e para cujo efeito hipotecavam diversas propriedades que continuavam a ser geridas pelos seus administradores.
Praticamente à margem das mudanças da sociedade exterior, esta comunidade manteve características geográficas físicas e humanas inalteráveis quase até aos nossos dias, perturbadas positivamente apenas pela introdução da cultura do milho (grosso) durante o século XVII. A propriedade encontrava- se extremamente dividida entre vários pequenos agricultores, tendo sido progressivamente emparcelada a partir da segunda metade do século XVIII, sobretudo a partir dos casais da Sarola, com a venda em hasta pública da Casa dos Sebastiões, que saíram da freguesia. Uma nova dinâmica de emparcelamento verificou-se na segunda metade do século XIX e princípios do século XX, nomeadamente com a constituição das quintas de Batocas, Vila Judith, São João Batista das Arcelas, Quintela (parte) e Hortas.
A freguesia teve surtos de emigração para o Brasil de que temos vestígios visíveis na arquitectura, a saber: a Casa de S. João Baptista das Arcelas, mandada construir pelo Sr. João Baptista Vieira de Carvalho e Vasconcelos, da Casa da Sarola de Cima e por sua mulher D. Isabel Pereira de Carvalho e Vasconcelos; na mesma época, inícios do séc. XX, o Sr. António Severo Araújo mandou construir o edifício da Vila Judith, no estilo Arte Nova.
No entanto e após o surto brasileiro, a emigração a partir de cerca de 1960 para a França, fez-se de uma forma mais maciça e deu origem a grandes transformações nas estruturas fundiárias pela aquisição de lotes de terra onde foram construídas casas com novas exigências de conforto e higiene que transformaram e melhoraram a qualidade de vida da comunidade.
O Padre Francisco Manuel da Costa, abade de Nevogilde (Vila Verde), oriundo da Casa da Sarola de Baixo, deu notícia da existência nas margens do Rio Cávado junto ao Pego Negro de uma fonte de águas sulfurosas, tendo o mesmo sacerdote mandado fazer um tanque de pedra para banhos em 1851.
Na produção agrícola cita o milho (miúdo), que após a descoberta das Américas foi substituído pelo milho actual, originário daquele continente, mais produtivo e que veio transformar muito a economia rural, a demografia e a paisagem, já que esteve na origem da célebre vinha de enforcado e do vinho verde, relegado para as bermas dos campos ocupados pela cultura fundamental do milho novo (graúdo). Havia ainda centeio, castanhas muito utilizadas na alimentação e que foram sendo substituídas parcialmente pela batata também originária da América.
Em 1855 segundo o já referido Padre Francisco Manuel da Costa, possuía Verim 50 fogos e os habitantes colhiam muito milho graúdo, vinho, azeite e fruta de toda a qualidade, nomeadamente laranjas, melões e melancias. Na caça, refere lebres, coelhos e perdizes. No rio Cávado pescava-se bogas, barbos, trutas e salmões.
A estrada municipal que actualmente liga Monsul a Verim, foi aberta na segunda metade do século XIX pelo Engº António Plácido de Vasconcelos Peixoto, da Casa da Cortinha e terminava um pouco adiante de Vila Judith e da Casa do Património, próximo do antigo lugar de Fonte Sevilha, de onde partia um caminho em direcção à Igreja paroquial. O transporte para Braga era assegurado por uma diligência puxada a cavalos que saía de Monsul.
Verim tem desenvolvido desde o século XIX o gosto pela música popular, inserido nomeadamente na banda dos Padres Argaínha, de São João de Rei, e da banda do Sr. Narciso Oliveira (casado na Casa da Lage de Requeixo, São João de Rei). Era também costume cantarem-se as janeiras na freguesia e nas freguesias vizinhas, bem como algumas cantigas de mal dizer.
Mais recentemente, esta forma de promoção musical deu origem à criação do Rancho Folclórico de Santa Maria de Verim, fundado no início de 1998 e com a primeira actuação pública em palco a 15 de agosto desse ano. O traje do rancho remete as suas origens para uma homenagem à cultura do linho e aos trabalhos agrícolas. Desde 2002 que o rancho folclórico dá formação a grupos infantis mistos, introduzindo-os nas actuações públicas de danças e cantares, participando em eventos locais, regionais e nacionais. Existe ainda um grupo coral que participa nas cerimónias religiosas.
Destaca-se ainda a importância do rio Cávado, aonde ancestralmente se atravessava o rio numa barca de fundo chato que ligava as duas margens, e que desapareceu nos meados dos anos 70 do século XX. Na zona do Pego Negro, limites de Verim e Ajude, existia uma paisagem pitoresca, onde no final do século XX foi constituída uma praia fluvial, com bar e balneário.
O Centro Social Teresiano é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), sendo pertença da Companhia de Santa Teresa de Jesus - Irmãs Teresianas, que lhe deu corpo. Este centro social também é conhecido como Património, atendendo à natureza dos bens do seu originário possuidor, o Padre José Augusto de Araújo e Silva (1867-†1909), oriundo da Casa da Lage de Requeixo, em São João de Rei, que deixou as suas propriedades a herdeiros nomeados, recaindo por não aceitação do primeiro legatário na família Matos Vieira, da Casa da Pedreira, em Verim.
A casa e propriedade do Centro Social Teresiano de Verim foram doados no ano de 1980 à Província de Maria Imaculada pela Madre Maria Luzia de Matos Vieira, que os herdou de seu tio o Sr. Manuel Inácio de Matos Vieira. Ficou então esta casa dependente do colégio Teresiano de Braga e àfrente dela, como encarregada, a Madre Maria Luzia de Matos Vieira.
Com ela, vieram diversas religiosas. Para cumprir o desejo do doador da casa e dos terrenos da quinta, no ano de 1986, a Madre Provincial Norberta Andrade de Oliveira com a Madre Maria Luzia de Matos Vieira fizeram todas as diligências junto das entidades da Assistência Social Regional de Braga a fim de conseguirem a instituição de um Centro de assistência às crianças de Verim. Formou-se então uma comunidade com irmãs aptas a levar a cabo os objectivos propostos e no mês de Outubro desse ano, abriu-se o centro com dois grupos de crianças: o grupo infantil que reunia crianças até à idade escolar; e o grupo das crianças que frequentavam a escola. Toda a Obra se designava por ATL (Atendimento aos Tempos Livres). Paralelamente, a comunidade Teresiana assumiu na Paróquia, sob a orientação do Pároco, otrabalho de catequese, animação litúrgica e a divulgação e constituição de grupos do MTA (Jovens). Aos idosos acamados e/ou que já não podem frequentar a Igreja, as Irmãs administram a Eucaristia.
Em Agosto de 1998, de forma a atender as necessidades da população mais envelhecida do baixo concelho foi criado o primeiro acordo de cooperação com dez utentes para a nova valência de Serviço de Apoio Domiciliário. A abertura do Serviço de Apoio Domiciliário era uma via pela qual o Centro poderia estar mais próximo da população e dar oportunidade de criar postos de trabalho e de se tornar um “motor” impulsionador da freguesia para as freguesias vizinhas. À medida que os anos avançaram, os acordos de cooperação foram permitindo o atendimento a mais famílias, pois a questão do envelhecimento da população é cada vez mais acentuado. Este envelhecimento da população é um fenómeno mundial e que se torna preocupante nos dias de hoje e é uma questão pertinente para o futuro. Com a baixa natalidade nesta zona, em Julho de 2014 foi encerrada no Centro a valência de Pré- escolar, com crianças dos três aos seis anos, que frequentavam o Centro diariamente, inclusive o almoço.
Actualmente o Centro continua a funcionar com a resposta social de CATL (Centro de Apoio dos Tempos Livres com sem extensão para almoço), que funciona no período da manhã antes das aulas, e no final das aulas com a realização de actividades e acompanhamento ao estudo e transporte dos utentes. Assim como no período de férias o Centro encontra-se aberto para receber as crianças e adolescentes para ocupação dos tempos livres.
Desde 2002 com o intuito de retirar os idosos da solidão e de lhes proporcionar uma maior qualidade de vida, o centro recebe nas suas instalações trinta idosos que realizam diversas actividades: ginástica geriátrica, aulas de música (canto e dança), secções de humor, boccia, actividades grupais, rastreios de saúde (colesterol, podologia, diabetes, tensão arterial, etc), passeios, comemorações de datas festivas (aniversários, desfolhada, vindimas, etc.), formação religiosa, eucaristia mensal com almoço convívio, acções de sensibilização, trabalhos manuais, etc. Estas actividades realizam- se duas vezes por semana.
A nível da resposta social de Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) este destina-se na sua maioria a idosos, do qual recebem as refeições, higiene pessoal e habitacional, serviço de enfermagem, acompanhamento médico, fornecimento da medicação através de um protocolo com a Farmácia do Mercado em Amares, visita das Irmãs ao domicílio, entre outros serviços.
Funciona toda a semana, sendo que ao fim de semana, apenas é prestado o serviço de alimentação. Este serviço conta com dez voluntários que, distribuídos por fins-de-semana, ajudam na distribuição da alimentação aos utentes. Estes voluntários prestam ajuda na preparação das festas realizadas pelo Centro Social Teresiano de Verim para toda a comunidade, por forma a criar interacção com as pessoas do meio e de maneira que a população do baixo concelho tenha alguma forma de aproveitar os recursos que esta freguesia possui. Estas festas são o magusto, a festa de Natal, Carnaval e arraial, que geralmente contam com a actuação do grupo de violas, composto por cerca de quinze elementos que frequentam esta actividade extra curricular.
No exercício das suas actividades, o Centro tem como missão exercer a sua acção segundo a concepção cristã da pessoa, da vida e do mundo: promover a dignificação das pessoas, fomentando o desenvolvimento social da comunidade, com especial enfoque na educação/formação das crianças e jovens; no apoio e acompanhamento dos idosos e outros grupos mais vulneráveis mediante as valências do CATL e SAD, bem como outras acções inerentes às necessidades locais.
O centro privilegia a sua actuação e intervenção social num processo educativo-formativo e apoio psicossocial através de uma equipa de gestão eficaz, dinâmica e coesa.
 
César da Costa Araújo Valença
Com a colaboração do Dr. Henrique Regalo (arqueólogo do PNPG) e do Dr. João Carlos Andrade Gachineiro (investigador nos ramos da História e Genealogia)
 
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